segunda-feira, 19 de março de 2018

A cultura condiciona a visão de mundo do homem

Laraia versa sobre como o homem vê o mundo através de sua cultura.

1. O fato de que o homem vê o mundo através de sua cultura tem como consequência a propensão em considerar o seu modo de vida o mais correto e o mais natural (p. 72). Comente a afirmação com algum exemplo da sociedade moderna.

2. Laraia afirma que cada sociedade se vê, de certa maneira, como centro da humanidade. Contudo, segundo Dussel, o etnocentrismo europeu reveste-se de características particulares: Se se entende que a “Modernidade” da Europa será a operação das possibilidades que se abrem por sua “centralidade” na História Mundial, e a constituição de todas as outras culturas como sua “periferia”, poder-se-á compreender que, ainda que toda cultura seja etnocêntrica, o etnocentrismo europeu moderno é o único que pode pretender identificar-se com a “universalidade-mundialidade”. Comente a afirmação.

Turma da manhã e da tarde: 21 de março.

22 comentários:

  1. Vou dar um exemplo que vivenciei na Tailândia. A massagem é algo que faz parte da saúde básica dos tailandeses. Esse serviço é para todos, não existe esse elitismo. Há uma enorme quantidade de lojas de thai massage, assim como aqui temos farmácias em cada esquina. Custa em média 30/40 reias por uma hora de massagem, enquanto no Brasil custa no mínimo 100 reias. Aqui, massagem é só para privilegiados, é um serviço caro e muitas vezes considerado supérfluo.
    Outro exemplo que o autor cita no texto, é em relação ao parto. O Brasil é o segundo país com o maior percentual de cesáreas do mundo. Isso é cultural daqui. Nos outros lugares, como EUA ou na Europa, a cesariana é só em casos de emergência. No Brasil, parto é uma grande indústria, por isso, quanto mais cesáreas, mais dinheiro e menos tempo ocupando o obstetra. Fomos ensinados a ver a cesárea como algo normal.

    Fico um pouco na dúvida quanto a essa questão da “universalidade-mundialidade” uma vez que todas as sociedades se veem como centro da humanidade. Por mais que a Europa tenha uma grande influência historicamente, não acredito que esse termo possa ser aplicado a nenhuma sociedade. Me faz pensar aquela questão dos esteriótipos e da única versão da história. Como generalizar que o “povo europeu”? Eles até podem ter semelhanças, bases em comum, mas o povo alemão por exemplo é muito diferente do italiano.

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  2. A partir do momento em que considero a minha cultura única, a coloco no papel de soberana, capaz de ditar os comportamentos a partir do entendimento dela. Para mim é natural tomar banho todos os dias, mas para um Europeu nem tanto. Para mim é normal escolher se e com quem vou casar, mas para muitas mulheres no Marrocos não, e assim por diante. Na minha opinião o problema não é ter nossa cultura, até porque isso é primordial para a consolidação de uma sociedade, mas o problema é considera-la superior ou desconsiderar qualquer outra que vá de encontro com seus princípios.

    O etnocentrismo europeu pode pretender identificar-se com a “universalidade-mundialidade" e por isso erra. Tenho alguns pontos sobre essa afirmação. Primeiro que generalizar a Europa, continente vasto e composto por diversas culturas que em muito divergem, como uma só instituição já parte de uma premissa confusa. Como considerar que existe uma "cultura européia"?
    Segundo que a Europa é um continente composto por países colonizadores, isto é, países que exploraram terras e impuseram sua cultura branca e masculina aos colonizados, apresentando-a como a cultura certa, a cultura desenvolvida, oriunda de povos cultos e soberanos. É evidente que neste cenário é muito mais próspera a defesa dessa cultura como soberana, dentro de um mundo machista, racista e euro-centralizado.

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  3. 1- Acho que essa afirmação pode ser levada em conta não apenas em uma Cultura entre países, mas cultura familiar também, por exemplo e relacionamentos. Cada família tem seus hábitos culturais. Muitas vezes relacionamentos não dão certo pois os pais acham que o agregado não possui comportamentos apropriados, de acordo com seus costumes e ensinamentos (educação). As vezes ele(a) não veio de outro País, mas foi lhe ensinado coisas diferentes do que o outro(a) recebeu ao longo da vida. Por isso, a maneira como um olha para o outro pode ser de reprovação, diante de certas atitudes, pois não foi acostumado de tal maneira e acha que a forma de pensar é uma e o outro acha q é outra, levando a conflitos. Como a Isabela mesma comentou acima: Em algumas culturas, é comum se casar com quem quer, já outras são os responsáveis que decidem os caminhos dos filhos. Não quer dizer que um está certo e o outro está errado. São apenas diferentes formas de se olhar e entender uma sociedade e vida.

    2- Acho que esta questão está muito ligada a colonização. O Brasil foi colonizado pelos Europeus , assim como outros países, que receberam muitas influências ao longo da história. Até hoje temos relações com isso. Um exemplo são os livros que usamos para estudo e referências de pesquisa. A maioria são de lá. Não acho que é porque são uma universalidade, acho que é uma questão muito ligada ao passado que sofremos influência até hoje e vamos continuar tendo isso em nossas vidas. Hoje somos como somos devido a eles. A arquitetura e desenvolvimento urbano, língua, religião (catolicismo)... Muitas coisas vieram deles. Apesar de hoje sermos um país independente e termos nossos próprios hábitos, muitos são resquícios de nosso passado deixado por eles. Por tal maneira acho que Dussel falou: “... etnocentrismo europeu moderno é o único que pode pretender identificar-se com a “universalidade-mundialidade”.

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  4. Na minha opinião, esta afirmação de Laraia é o cerne de diversos transtornos que ocorrem na sociedade. Porém, ela me lembrou um fato que veio à tona alguns anos atrás: a proibição do uso da burca em espaços públicos na França. O governo francês defende essa intervenção pois, para ele, o uso da burca torna a mulher muçulmana um alvo. Além disso, falava-se muito que a burca era um símbolo de opressão da mulher, pois elas eram foçadas a se esconder. Porém, para a mulher muçulmana, o uso da burca significa descrição, modéstia diante ao público. É uma escolha delas em usar a burca e seguir sua religião. Em contraponto, existem muçulmanas que escolhem não usar a burca em espaços públicos em países como a França, onde a prática não é comum, pois faria o trabalho oposto do que a burca significa. O uso da peça chama mais atenção em um lugar onde a maioria não está se vestindo assim do que disfarça.

    Essa visão dos costumes muçulmanos se replica em diversos países. Isso é fruto do "eurocentrismo" dos países colonizadores que não seguem o alcorão e não usa véus no seu dia a dia. Mas dizer que a cultura europeia é dominante no mundo é um tanto controverso. A Europa é um continente composto de diversos países, com histórias e culturas diferentes. Na escola, aprendemos sobre mitologia grega e romana mas mal se fala da nórdica, do folclore russo e etc.

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  5. Giuliana Fantauzzi

    A sociedade moderna foi se desprendendo de modificações e atos ritualísticos em detrimento do encaixe social estabelecido pelas tidas sociedades "evoluídas". É perceptível que muitas pessoas que residem em cidades têm como absurdo o que muitas tribos possuem como uma atividade comum, que é parte importante de sua cultura, como os índios que utilizam acessórios de madeira nas orelhas e bocas, hoje em dia mais conhecidos como alargadores; ou as tatuagens, presentes há muito tempo em diversas partes do mundo, pelos mais diversos motivos. Aos poucos essas atividades viraram uma forma de expressão mais popular nas sociedades urbanas, e aos poucos foram sendo vistas pouco a pouco com mais naturalidade, como no caso das tatuagens.
    Ainda assim, pessoas que não possuem modificações corporais muitas vezes ainda subjulgam quem as possui, seja como rebelde ou como mal-qualificado, o que é um preconceito descabido, pois o exterior nada tem a ver com as capacidades de alguém.

    Por eu ter uma parte da família italiana, sei que a generalização é uma coisa muito complicada no continente europeu. Primeiramente porque partindo de um país, por menor que ele seja, aproveitando o exemplo da Itália, é possível perceber diversas atitudes e estereótipos entre algumas regiões. O preconceito existe sim, e essa noção etnocêntrica, é inegavelmente real, minha família é do sul da Itália e sempre ouvi as pessoas falando como o norte era preconceituoso com as pessoas que moravam perto do Mediterrâneo, que são os italianos mais morenos de cabelo escuro, descendentes dos mouros, enquanto a parte mais próxima do continente é a tida como mais desenvolvida.
    Tendo isso em vista, acho equivocado colocar a Europa como um todo e ignorar suas peculiaridades, uma vez que mesmo tendo sido o antro de colonização do resto do mundo tempos atrás, não a faz ser hoje o centro de tudo, nem de estar imune a autodepreciação de seu próprio povo.

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  6. Maria Carolina Werneck21 de março de 2018 às 17:28

    Bom, é claro que cada um tem sua cultura, seja mais ampla pensando no país, mais específica da cidade, ainda mais na família e nos amigos. Acredito que cada um absorva e entenda essa cultura de modos diferentes e únicos, e consequentemente achar a sua cultura mais natural e estranhar a do outro é compreensível. O que gera um problema é o achar mais "correto", achar que existe um certo e errado nessa questão, quando o interessante de se ter culturas e visões diferentes da vida é justamente tentar entender o outro, mesmo que não consiga totalmente mas aprender com o diferente e com o "estranho".
    A visão etnocentrica européia, e essa “universalidade-mundialidade” ao mesmo tempo que se coloca num grau de superioridade em relação aos demais continentes, ela ignora as diversas culturas dentro da mesma região. Por mais similar que alguns hábitos, costumes e visões se mantenham, a Europa é composta por muitos países que diferem em muitas questões. Não deveriam ser anulados por algum estereótipo do que é a cultura européia.

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  8. 1. Laraia, estendendo o comentário de Ruth Benedict de que a cultura não é senão uma lupa pela qual o homem vê o mundo, interpreta “a lupa da cultura” como algo que, ao longo dos séculos justificou a estranheza, a curiosidade e até a violência entre diferentes povos. Sejam tribos indígenas, ou os choques entre gangues de diferentes áreas de uma mesma cidade moderna, o repertório de hábitos e crenças de um grupo é o que pautará o encontro entre eles. E, mais do que isso, as diferenças que há entre esses repertórios, quase na totalidade dos encontros, quando não terminam em anedotas, garantem o atrito. Além dos vários exemplos que o texto de Laraia cita - e dentre o inumeráveis possíveis de serem lembrados, como afirma o autor - temos uma situação que bem ilustra o potencial de conflito do que usa-se chamar “etnocentrismo”: A dos conflitos no Oriente Médio. Fora as implicações políticas e econômicas que possam ser levantadas sobre o tema, vê-se que no substrato, e a principal justificativa tomada pelas partes envolvidas, está a crença (de base nas escrituras sagradas (ou seja, cultura) de cada um desses povos) de que a região de Jerusalém é um lugar sagrado. Isso torna o lugar área de disputa e, já há décadas, judeus, árabes e cristãos dividem a contragosto e sob um constante clima de medo e opressão a cidade “triplamente sagrada”.

    2. Considerando apenas o texto destacado, não se vê tanta diferença entre o que diz Laraia ou Dussel. Se o primeiro reforça a ideia de multiculturalismo e do relativismo cultural como apresentada no texto-base, o segundo, ao não definir de que “o etnocentrismo europeu reveste-se” e, por conseguinte, em que consiste a tal “universalidade-mundialidade de que fala, incorre no mesmo problema denunciado por Laraia, ou seja, o etnocentrismo. De fato, Dussel admite a premissa de Laraia de que todas as nações são etnocêntricas, porém só essa admissão - somada a ausência da definição e justificativa da pretendida “centralidade” europeia citada acima - não é o suficiente para que se verifique uma real oposição entre o que os dois falam. No fim, Dussel, tentando justificar seu eurocentrismo, acaba por ser mais um para o hall “inescapável” exemplos de Laraia.

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  9. Como todos disseram, cada sociedade/grupo/família possui sua própria cultura, que é algo muito individual e pessoal. Temos tantos conflitos com essas culturas pois até hoje, muitas pessoas não aprenderam o básico, o respeito (o que deveria ser algo natural). Quando somos expostos a somente nossa cultura, ao nosso modo de agir e pensar, pensamos que somente esse é o correto, como Laraia fala. E é justamente esse o erro. Somente quando somos expostos a outras culturas e costumes percebemos que não somos o centro de tudo. Acredito que com o (muito) fácil acesso à informação e com o avanço tecnológico, permitindo nos conectar até com o outro lado do mundo, este pensamento têm mudado.

    Essa visão de “universalidade-mundialidade” é completamente equivocada, tendo a noção de que o continente Europeu é muito amplo. Como Adicchie falou em seu Ted Talks, é como generalizar o continente africano, sem ao menos levar em consideração as diferenças entre os países/povos. Por a Europa ter vários países que foram colonizadores, essa mentalidade de “cultura correta” pode ainda aparecer, o que é completamente equivocado.

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  10. 1. Como debatido no tópico anterior, em relação à perspectiva do discurso de Addiche, as narrativas que compõe a realidade de um indivíduo se refletem na sua perspectiva com relação ao mundo ao seu redor. Sendo assim, a afirmação no texto de Laraia reforça esta noção, explanando está configuração.
    O conhecimento adquirido pela experiência e pelas “regras” de cada grupo rege a maneira de se comportar e considerar “corretas” ou “incorretas” certas ações, certos conceitos ou certas retóricas e valores morais.
    Um exemplo deste fenômeno pode ser visto na própria representação figurativa encontrada em obras surgidas na modernidade - como o uso da perspectiva depois do renascimento define que imagens fora deste padrão são feias ou desproporcionais, enquanto antes disso não se fazia juízo negativo de valor de obras “chapadas”, ou seja, sem perspectiva ou proporções geométricas.

    2. Quanto à esta afirmação, me parece enviesada pelo próprio fenômeno citado pela questão levantada anteriormente: a de escolher um conjunto de conceitos e verdades associadas à valores morais que são tidos como “absolutos” e “corretos” de maneira singular, somente porque foram ensinados desta maneira. Se por um lado é importante reconhecer a importância e os avanços que somente foram possíveis de emplacar por uma revolução emblemática como a européia; por outro, pessoalmente me parece que afirmar esta como a única universalidade cultural é prepotente e ingênuo (no sentido de desconsiderar a ampla pluraridade de opções existentes nos mais diversos cantos do mundo, provenientes das mais diversas culturas).
    A história mundial sempre foi contada pela perspectiva européia, mas quem há de afirmar qual seria a realidade vigente na atualidade caso esta situação fosse diferente, ainda que de maneira sutil? Entre exemplos emblemáticos pode-se citar a importância subestimada da medicina oriental, ou a matemática que sempre teve raiz fortíssima na região arábica, entre outros centros de conhecimento que não tiveram seu respectivo (e, ouso dizer, merecidos) destaque.

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  11. 1. Como foi visto no video do último post, podemos perceber que muitas vezes estamos nos deparando com apenas uma versão da história que esta se passando diante de nossa frente. Essa versão da história que nos cega para as outras possibilidades e nos impede de ver e analisar uma cultura pela sua verdadeira potencialidade, é uma versão baseada na cultura do observador, ou seja, esta medindo as outras sociedades com base no que faz parte de sua realidade. Uma pessoa que esta acostumada com os carros pararem sem mesmo que o sinal esteja fechado, vai considerar um lugar onde os carros não parem, como um lugar que esta culturalmente atrás do seu, mesmo que existam motivos para aquilo funcionar de tal maneira no local em questão.

    2. Acredito que ao afirmar que o etnocentrismo europeu moderno é o único que pode pretender identificar-se com a "universalidade-mundialidade", Dussel acrescenta essa característica, diferente dos outros etnocentrismos, devido ao fato da grande influência cultural exercida pela região. Devido as viagens marítimas e expedições realizadas no passado, muitos países carregam traços culturais que tiveram sua origem em território europeu, o que os colocam na posição de colonizadores, tendendo assim a acreditar que sua cultura estaria mais avançada que as outras, e portanto seria a mais apropriada para ser usada como parâmetro. Contudo, ao se fecharem nessa visão, caímos novamente no perigo que Adicchie tentou nos advertir em sua palestra, o problema de ter apenas uma visão. Quando nos fechamos para as outras visões e outras formas de se investigar uma cultura, podemos deixar de lado, detalhes importantes que poderiam contribuir para o cenário mundial de alguma maneira. Ao considerarmos uma cultura indigna simplesmente por não se adequar aos padrões de outra, estamos empobrecendo as possibilidades de progresso que estão em nossas frentes, contribuindo assim para um afastamento da verdadeira “universalidade-mundialidade" cultural.

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  12. Olhar o mundo através da própria cultura, consequentemente nos faz estranhar outras culturas e comportamentos que diferem da nossa. Estando inserido na cultura, existem muitos códigos que acabam sendo vividos desde o início da vida e sendo entendidos como verdades únicas, mas que podem ser o oposto para outra sociedade. A sociedade moderna, por exemplo, acaba se desenvolvendo com maior foco na Europa, dando lugar à razão, à criatividade, à expressão individual, enquanto em áreas mais remotas do mundo, outras nações possam ser entendidas como primitivas sob a perspectiva dos primeiros.

    Um dos maiores choques do ocidente com os costumes do oriente pode ser a religião. Para algumas culturas ocidentais é inconcebível a religião reger um país a ponto de criar leis tão rígidas que possam censurar a expressividade humana, enquanto, sob a perspectiva de países regidos por essas leis, o modo de vida é encarado como normal e correto.

    A afirmação de Laraia sobre a Europa ser a única a identificar-se de fato com o etnocentrismo sob uma perspectiva uiversal, nos faz pensar sobre a história da humanidade. Países europeus foram os grandes responsáveis pela colonização em massa à luz do imperialismo. A grande questão é que a perspectiva etnocêntrica dessa região, aliada ao desenvolvimento tecnológico/científico gera o desejo de conquista.

    O que me faz pensar um pouco sobre essa identificação etnocêntrica é que eu pertenço ao ocidente, logo meus julgamentos também são favoráveis à esses pensamentos. Um russo, por exemplo, pode ter conhecimento sobre todas as conquistas europeias e toda a história ocidental, mas pode desconsiderar essa universalidade/mundialidade europeia a partir do momento em que está inserido numa cultura do leste que tem como referência diferentes conquistas.

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  13. O texto diz que o homem tem como referencia a perspetiva de onde vem, seu horizontes são delimitados por aonde ele se identifica culturalmente. No meu entendimento esta noção entocêntrica é aonde há perigo da exclusão. Quando se há limites muito bem delimitados do que é uma identidade cultural a fluidez entre a dicotomia eu-outro, ou nos-outros, fica rígida. Esta rigidez é uma alienação de si próprio e do outros. O ato de se identificar recorre do processo de diferença e repetição, que cria nuanças de linguagem entre esta dialética. O sujeito só se identifica como tal quando precocemente vê outro sujeito que pode se espelhar e identificar como diferente ou igual. Então, se o sujeito nega a presença estrangeira está negando na verdade o que tornou um indivíduo em primeira estancia. Nesse sentido eu acho que a cultura, na sua propriedade entocêntrica, cega a multiplicidade e fica bitolado em uma so face da dicotomia EU-outro, REPETIÇÃO-diferença, considerando o seu lado ‘mais correto e o mais natural’.



    A propriedade universalizaste da cultura europeia veio de um status geopolítico e é usado como um mecanismo de poder e influencia. Também diretamente conectado com a maneira em que as informação historicizante europeias são formatadas e organizadas como ’verdadeiras’, em uma escala concreta de informação que pode ser espalhada. Um claro exemplo deste mecanismo que se propõem pela disseminação do ‘american way of life’ que usou a produção quantitativa de mídia de massa como engrenagem universalizaste de sua cultura, sua predominância se mostra como o ideal mundialmente com a finalidade de gerar colônias na esfera representativa e imaginaria dos indivíduos.

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  14. Jessica Benevides G. de Almeida

    1)

    De fato, a cultura funciona como uma espécie de lente que modifica o olhar e a compreensão do homem sobre o que é diferente e desconhecido para ele. Assim, ao se voltar ao outro, obtêm-se uma visão que acaba sendo condicionada pelo o que tal indivíduo entende como correto e como a normalidade. Tal fato se representa uma problemática que é responsável palo acontecimento de muitos conflitos sociais no mundo.

    Um exemplo bem atual dessa questão é a situação na qual a região do Oriente Médio se encontra em relação aos demais países do mundo, principalmente os politica- e economicamente mais poderosos, sendo estes os Estados Unidos e alguns países europeus. Muito da cultura islâmica, que é a mais difundida nessa região, não é bem compreendido pelas demais sociedades no mundo. Comumente ocorre a prática de se englobar todos esses povos de cunho cultural semelhante como uma coisa só, um corpo homogêneo, e isso não representa a realidade do que eles vivem. Na realidade, a diversidade cultural entre os habitantes do Oriente Médio é enorme, o que é fator principal para o surgimento de conflitos nessa região, sendo um dos elementos mais diversificados a religião, que possui crenças diferentes dentro de mesmas regiões, acarretando na disputa por territórios considerados sagrados.

    O caso crítico da Síria na atualidade e a carência de qualquer tipo de auxílio que vem sendo oferecido a esse povo é um quadro perfeito para exemplificar a falta de entendimento que nós, que estamos de fora, temos sobre o que ocorre no local e as causas e razões para isso. Na verdade, todo o quadro se iniciou apenas com um levante pacífico contra o presidente da Síria (Bashar al-Assad) e se transformou em uma guerra civil que deixou milhares de vítimas e devastou cidades, tornando-se um conflito entre aqueles a favor e contra Assad. Diversos países, cada um com seus próprios interesses, estão envolvidos, o que não só dificulta, como também prolonga a guerra. A Rússia e o Irã estão do lado do governo, enquanto Estados Unidos, Turquia e Arábia Saudita apoiam os rebeldes, cada um dando auxílio à parcela que considera estar correta, sem tentar enxergar a situação em sua totalidade e com suas respectivas particularidades, gerando, dessa forma, o caos.

    2)

    Não partilho do mesmo pensamento que Duvel, que afirma que "o etnocentrismo europeu moderno é o único que pode pretender identificar-se com a universalidade-mundialidade”. Considero incorreta essa tentativa de tentar afirmar a cultura europeia como uma cultura universal e, de certa forma, soberana às demais. Primeiramente, porque dentro do próprio continente europeu existem manifestações culturais, costumes e tradições de princípios muito distintos, sendo, então, falso considerá-lo como um só "bolo" homogêneo. Em segundo lugar, culturas diferentes da europeia não foram, de forma alguma, constituídas como sua “periferia”, visto que, quase sempre não possuem qualquer semelhança com a europeia, inclusive se consolidando concomitantemente a ela ou, até mesmo, previamente, como as culturas milenares da Ásia.

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  15. 1. Enquanto grande parte das mulheres do ocidente veem a burca como algo abominável e símbolo de repressão, muitas mulheres no Oriente Médio vestem a burca com a naturalidade com a qual as anteriores consideram usar uma calça jeans. Apesar de muitas mulheres no Oriente Médio buscarem a opção de não utilizar a burca, a própria Malala, ativista da educação para mulheres, faz uso de uma. A burca por si só não é absolutamente boa nem ruim.

    2. O feroz imperialismo europeu foi um vetor de propagação de cultura. Com a quantidade de territórios que eles acumularam ao longo de séculos, impor a sua cultura como a "correta" era uma importante ferramenta de dominação. A superioridade europeia determinava a subjugação das sociedades ocupadas. Caso elas tivessem mais espaço para expressar seus valores e ideias próprios, isso implicaria em mais revoltas e resistência contra os conquistadores.

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  16. 1. O fenômeno etnocêntrico que é comum a todas as sociedades fica ainda mais evidente com a popularização da internet, onde cada indivíduo acredita ser o detentor da verdade absoluta e se sente, neste ambiente, livre para julgar qualquer opinião, atitude ou imagem que não se enquadre nos seus critérios. Nesse momento, os grupos que se afinam culturalmente, não necessariamente habitam o mesmo espaço.

    2. A cultura europeia foi amplamente disseminada pelo mundo por meio das colonizações, desde a língua até sua religião fazem parte até hoje da cultura de outros continentes. Dessa forma podemos notar que a cultura ocidental é formada estruturalmente por fragmentos da cultura europeia, que em sua riqueza no que diz respeito a arte, a religião, as leis e costumes em geral, desenvolveu sua tecnologia e poder de dominação ao ponto de conquistar e submeter outros povos a tudo aquilo que havia de “melhor” no mundo, isso é, sua cultura.

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  17. Cada lugar e cada país tem a sua cultura, seja mais ampla, como em países grandes como o Brasil, mais específicas como em pequenas tribos africanas. Acredito que cada um absorva e entenda essa cultura de modos diferentes e únicos, e consequentemente achar a sua cultura mais natural e estranhar a do outro é completamente normal. Uma das grandes discussões que temos em nosso meio é quando acreditamos que a nossa visão é a correta em detrimento as demais. Acabamos não compreendendo completamente a importância da pluralidade e da diversidade de pensamentos e vivências para gerar discussões saudáveis e construtivas.
    O conceito de “universalidade-mundialidade” é bem controverso, tendo a noção de que o continente Europeu é extenso e diverso. Como já foi citado, é como generalizar nosso país, sem ao menos levar em consideração as diferenças entre os estados e regiões.

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  18. 1. O que para mim é muito nítido para tal exemplo, que acontece de forma vasta na sociedade moderna, é a intolerância religiosa. Muitos casos são noticiados de grupos extremistas, como por exemplo, de incêndios em terreiros de Umbanda. Muitas vezes, a escolha de uma religião faz com que muitos se tornem tirânicos e totalitaristas e enxergam a escolha alheia como inválida a ser praticada.
    2. Acredito que com a soberania política, a Europa adquiriu poder tal que sua cultura é considerada como "universal" de forma inconsciente por muitos, já que a profusão de informação sobre ela é massificada, e torna-se muito influente a uma grande abrangência de países. Visto isso, sua influência cultural é incorporada às demais e torna-se parte da fundamentação da prática cultural de muitos, tornando-se, assim, universal.

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  19. 1. A noção muito difundida de que a cultura islâmica é retrógrada e opressora em relação às sociedades ocidentais. Ainda que exista, por exemplo, no Brasil, uma série de leis e práticas sociais que têm como origem a ética cristã, tendo ainda uma bancada religiosa defendendo a manutenção dessa realidade.

    2. A convenção social muitas vezes inconsciente de um padrão eurocêntrico é compreensível e justificado, na minha opinião, ainda por herança das navegações e colonizações europeias. Ainda que seja uma generalização incoerente, visto que a Europa tem culturas extremamente diferentes entre si e que determinados países sejam excluídos dessa ideia de "padrão europeu" (arriscaria dizer que todos além da União Europeia e Reino Unido), a realidade atual da sociedade urbana do mundo inteiro é consequência e carrega muitas heranças dessa época. Mesmo países que não carreguem características culturais claras das vistas como europeias e desconsiderados quando se analisa a cultura ocidental, como muitos africanos ou árabes, também têm forte influência das relações que tiveram com os países europeus séculos atrás.

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  20. Raphael Bastos Lessa

    1 Ao avaliar utilizamos nosso próprio ponto de vista, somos seres conscientes e avaliamos as coisas de forma subjetiva a partir de nossas próprias experiências, o que nos deixa sempre longe da imparcialidade.
    Juizes são um ótimo exemplo disso, ao julgarem um réu é possível subir até chegar ao STF até lá diversos juizes irão julgar um certo caso, sendo que não haveria necessidade disso se existisse a certeza de que o primeiro juiz foi imparcial.
    2 A Europa foi de certa forma o primeiro continente que teve impacto mundial, tanto exportando suas mercadorias e conquistando paises e continentes como disseminando sua cultura pelo globo.
    Além de ser o velho continente foi resposável por grande parte de toda evolução cientifica da humanidade o que deu aos europeus o volante do carro que se chama humanidade.
    Olhar para Europa e ter a civilização de lá como modelo é o comportamento natural do ser humano, a vida toda fomos bombardeados por imagens, estudos, filmes, musicas que levam a essa idéia de superioridade europeia.

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  21. Dafne Rozencwaig Souza

    1. A intolerância religiosa vivida na modernidade seja na proibição do uso da burca em países europeus ou até mesmo na perseguição aos terreiros de religiões de matriz africana no Rio de Janeiro evidenciam a prepotência humana ao colocar-se acima do diferente e legislar normas incompatíveis à coexistência respeitosa e agregadora. Cada lugar é múltiplo culturalmente e nesse sentido os governos, como instituições representativas da multiplicidade, devem garantir ao cidadão o livre exercício da expressão cultural e religiosa.

    2. O pensamento etnocêntrico europeu influenciou e influencia de forma significante as demais culturas, expandindo seus padrões para a “periferia” e norteando muito da cultura “periférica”. Contudo, tais “periferias” reinterpretam os parâmetros produzindo um novo corpo para a visão etnocêntrica. A “universalidade-mundialidade” é composta justamente por padrões aceitáveis universalmente, nao podendo considerar apenas a europa, que um dia se disse o centro do mundo. Hoje em dia, as informações, a tecnologia são mais fluídas, dessa forma as tendências deixam de ser difundidas por um pólo apenas ou por um continente, na verdade, são muito mais manipuladas pelo próprio capital do que por uma cultura europeia etnocêntrica dominante. Outro erro dessa afirmação, é o fato de acreditar ainda na modernidade em uma unidade europeia. Cada país tem a sua particularidade e cultura o que nos faz pensar na inexistência de um padrão específico europeu. Faz muito mais sentido pensarmos em um padrão ocidental, branco e macho exportador do que generalizar um continente, que tem na sua formação a heterogeneidade, como responsável pela “universalidade-mundialidade”.

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  22. Maria Victoria Albuquerque

    1 - Um exemplo interessante que pode ser usado para sustentar essa afirmação é o do café da manhã em diferentes países. Com minhas pesquisas sobre o Japão, ficam mais claras as diferenças do cotidiano que conseguimos entender, pois o que aqui seria considerado completamente diferente, lá é o normal, e vice-versa. No Brasil, temos o costume de comer no café da manhã pães, ovos, presunto, café e frutas – e que muitas vezes é considerado até um café "light". Já nos países asiáticos é muito comum dar de cara com uma mesa de café que consiste em arroz, sopas, peixes, e diferentes tipos de chá. As ideias que permeiam as duas refeições são as mesmas: dar força e energia para aguentar a manhã, até o horário da próxima refeição, mas, no entanto, cada uma das apresentadas contêm diferentes ingredientes, que se apresentados trocados, seriam tomados como "estranho" e "fora do comum".


    2 - O que consegue-se entender da afirmação de Dussel é que a grande maioria – senão todas– as culturas ocidentais foram baseadas ou sustentadas de algum modo pela cultura européia. Com as colônias, as excursões de navios, e no caso do Brasil, a transferência de uma coroa européia para outro continente, consegue-se entender a extensão das influências nas culturas do países americanos, por exemplo. Mas no que diz respeito às culturas orientais, acredito que esse preceito de üniversalidade-mundialidade" não, necessariamente, as compreendem. Talvez, hoje em dia, com a globalização essa afirmação possa ser definida como grande influente, mas não como essência ou base da cultura asiática.

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