domingo, 17 de junho de 2018

O que é o pós-moderno


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SANTOS, Jair Ferreira dos. O que é pós-moderno.São Paulo: Brasiliense, 2008.


Sobre o autor
O autor do livro, Jair Ferreira dos Santos, se apresenta como poeta, ficcionista e ensaísta. Ele também escreveu o livro de poemas A faca serena (1983) – premiado pela Associação Paulista de Críticos de Arte – os contos A Inexistente Arte da Decepção (1996, Agir) e Kafka na cama (1980, Civilização Brasileira), o ensaio Breve, o pós-humano: ensaios contemporâneos (2002, Francisco Alves) e, mais recentemente, o livro de contos Cybersenzala (Brasiliense, 2006) que teve um de seus contos adaptado ao teatro.

Sobre a obra
Em entrevista, Santos explica que o livro O que é o pós-moderno é fruto de uma pesquisa de mestrado inconclusa. Seu objetivo declarado ao transformá-la em livro foi produzir algo próximo ao conceito de “haute vulgarisation” (alta popularização), isto é, uma tentativa de tratar um conceito complexo de maneira simples para uma grande quantidade de pessoas. Até fevereiro de 2008, haviam sido vendidos 120.000 exemplares desta obra que pertence à Coleção Primeiros Passos da Editora Brasiliense. O número de exemplares vendidos que provavelmente se tornou ainda maior ao longo dos últimos anos é expressivo para as características do mercado editorial brasileiro principalmente se considerarmos que é um trabalho de natureza teórica.
O autor faz uso de uma linguagem coloquial para tratar de um assunto quase sempre denso e hermético para os neófitos e, neste sentido, se aproxima do público leitor. O pós-moderno, conceito sobre o qual não existe consenso até os dias atuais, é tratado de forma simples e direta. Pode-se afirmar que o autor faz uso inclusive de um tom bem-humorado e irônico através dos vários exemplos que traz para ilustrar a contemporaneidade.
O autor parece escrever “de dentro” dos anos de 1980, ou seja, a partir de referências muito localizadas da época, tendo por base o cenário social e cultural brasileiro. Referências automobilísticas como o Monza e versos de músicas do período são utilizados, entre outros exemplos, para compor o clima da enxurrada de novidades que nos foram apresentadas nesta década marcada pelo emblemático marco da queda do muro de Berlim.

Estrutura
O livro é dividido em sete capítulos nos quais a temática da pós-modernidade é tratada sob diferentes ângulos.
Em Vem comigo que eu te explico no caminho, Santos encaminha uma primeira definição sobre pós-modernismo nascente nos anos de 1950, nas sociedades "avançadas" (pós-industriais). Cada década seguinte parece emprestar uma nova faceta ao fenômeno de reconstituição da sociedade até os anos de 1980 (década de redação do texto).
O autor identifica a união da técnica com a ciência, a tecnociência, que programa o nosso cotidiano. O fantasma pós-moderno (termo de Santos) circula por toda parte através da invasão eletrônica do cotidiano. No plano coletivo e individual, os meios de comunicação como a televisão saturam nossa vida com informação, entretenimento e serviços, assim como o tratamento computadorizado faz com lidemos mais com signos do que com coisas. Santos explica como fomos marcados pela busca do simulacro ao ponto dos limites entre real e imaginário praticamente se desfazerem na atualidade. Os meios tecnológicos de comunicação auxiliam na edição do real ao hiper-realizarem o mundo.
O capítulo Do boom ao bit ao blip retoma os ideais do Projeto do Iluminismo para explicar as características das nações capitalistas dos séculos XIX e XX. A sociedade industrial (capitalismo moderno) ou como diz o autor, a dama de ferro é regida pela ideia de progresso e expansão. A sociedade pós-industrial se diferencia essencialmente da sociedade industrial (produtora de bens materiais) pela ênfase dada ao setor de serviços. Neste novo cenário, as tecnologias avançadas desempenham papel preponderante e a informação é seu maior bem. A desmaterialização da economia pela informação constitui o próprio cenário pós-moderno.
O autor recupera a ideia de que a tecnociência programa nossa vida ao afirmar que o ambiente pós-moderno é tomado pela cibernética, a robótica, a biologia molecular, a medicina nuclear, entre outras áreas de desenvolvimento tecnológicas. Santos afirma que o real é fragmentado e jamais volta a formar um todo coeso. A vida no ambiente pós-moderno é uma constante de estímulos desconexos. Novas estrelas surgem neste cenário: o design, a moda, a publicidade, entre outras áreas de atuação sobre a sociedade.
Do sacrossanto não ao zero patafísico é um capítulo que apresenta a questão da arte. Santos estabelece uma relação direta entre sociedade industrial e modernismo da mesma maneira que relaciona sociedade pós-industrial e pós-modernismo. O modernismo é considerado a crise da representação mimética da realidade. No lugar de representar, o artista moderno passa a interpretar a realidade. Santos toma a Pop Art com suas referências à comunicação massificada e produtos industrializados para fazer a passagem para o pós-modernismo. Este movimento realiza a definitiva fusão entre arte e vida. A antiarte pós-moderna apresenta a vida através dos objetos no momento, na matéria e no riso.
Em Anartistas em Nuliverso Santos afirma que o artista pós-moderno se sente bem na desordem e abre frentes de trabalho paralelas. O autor cita uma série de manifestações artísticas nas quais diversas formas de expressão artísticas vieram sendo desestetizadas, desdefinidas e, por fim, desmaterializada. Algumas marcas são identificadas nessas iniciativas: a reação à racionalidade, o ecletismo, a fantasia, o humor, a valorização da cultura popular, a comunicação direta, a fusão com a estética de massa, o uso de materiais não artísticos, a intertextualidade etc. Os pós-modernos levam a sério a fusão entre arte e vida e suas performances e intervenções tomam lugar tanto em galerias como nas ruas. Santos evidencia a paródia e o pastiche em manifestações como a Transvanguarda. O niilismo também invade a cena artística.
O capítulo Adeus às ilusões é voltado para a face filosófica do pós-modernismo. Santos diz que o pós-modernismo está associado à decadência das grandes ideias, valores e instituições ocidentais como Deus, a Razão e as verdades totalitárias, entre outros conceitos. Neste sentido, ele enxerga duas frentes encabeçadas pelos filósofos pós-modernos. A primeira aponta para o caminho da desconstrução dos princípios e concepções do pensamento ocidental. A segunda caminha para o desenvolvimento e valorização de temas antes considerados menores na filosofia como o desejo, a sexualidade, o cotidiano, entre outros assuntos. O pensamento de alguns filósofos e pensadores como Nietzsche, Derrida, Guattari, Lyotard é mencionado nesse capítulo.
Em A massa fria com Narciso no trono o autor afirma que um novo estilo de vida é experimentado pelo indivíduo pós-moderno que é consumista, hedonista e narcisista.
Seduzida e atomizada pelo mass media a massa vive no conformismo – vive sem as tradições do passado e sem um projeto futuro. Santos nomeia algumas deserções empreendidas pela massa pós-moderna: deserção da história; deserção do político e ideológico; deserção do trabalho; deserção da família; deserção da religião.
Em função do enfraquecimento dos valores e instituições tradicionais, o consumo, o mass media e a tecnociência veem exercendo a motivação e o controle da sociedade pós-moderna (massa e indivíduos). O bombardeio de mensagens que excitam os desejos é a forma de motivação e controle dessa massa ultrafragmentada. As imagens veiculadas são criadas visando a espetacularização da vida, à simulação do real e à sedução do sujeito. O autor nomeia o indivíduo pós-moderno de narciso sem substância (neo-individualismo) que diferentemente do burguês moderno, não adere aos mitos e ideais da sua sociedade.
Em Demônio terminal e anjo anunciador, capítulo de fechamento do livro, Santos retoma as principais noções tratadas ao longo do livro e introduz a questão da condição pós-moderna – como as pessoas sentem e representam para si mesmas o mundo que vivem. A dificuldade de representação do mundo na atualidade se dá porque o pós é repleto de des: desreferencialização, desmaterialização, desestetização, desconstrução, despolitização e desubstancialização. Não possuímos mais identidades fixas e a organização necessária à representação se torna complexa. No lugar do ou, institui-se o e. Nós somos uma coisa e outra ao mesmo tempo. O sujeito pós-moderno compreende o conjunto de e,e,e,e formado por pequenas vivências fragmentárias.
Por fim, aparentemente ciente da limitação de sua obra, Santos encaminha uma pequena relação de referências bibliográficas nacionais e estrangeiras. As traduções para o português de livros sobre a pós-modernidade ainda eram raros nos idos dos anos de 1980 e sua listagem de livros poderia ser consideravelmente ampliada na atualidade.

sábado, 26 de maio de 2018

G2: "Pós-modernidade"


Trabalho individual ou em dupla
  
Escrever um artigo ao estilo de iniciação científica [5.000 a 10.000 caracteres, ver modelo do P&D 2012] que apresente a análise de um objeto/fenômeno contemporâneo segundo a sua relação com as noções que caracterizam a "pós-modernidade". Utilizar as leituras realizadas durante a disciplina como fundamentação teórica do artigo. São estas: Condição Pós-Moderna (Harvey, 2009), A Identidade Cultural na Pós Modernidade (Hall, 2004) e Cenas da Vida Pós Moderna (Sarlo, 2006). É desejável a inclusão de um quarto autor a ser indicado pelo(a) aluno(a) para a condução do argumento principal do artigo.

1 - Estrutura básica:

Título / Subtítulo
Nome dos(as) autores(as)

·    Resumo: redigir breve resumo do artigo (entre 100 e 200 palavras). O leitor utiliza o o resumo para ter uma noção da temática, do escopo e do propósito do artigo. Nesta parte pode ser descrito o aporte teórico, a metodologia de análise e uma breve menção ao argumento principal do artigo.


·     Introdução: Esta parte corresponde à apresentação do trabalho: motivos da escolha, relevância da temática (opcional), contextualização ampla e apresentação do argumento principal a ser defendido. Nesta parte do artigo, comumente visualiza-se a constituição de um "cenário" (premissas para início da discussão do artigo).

·    Desenvolvimento:
o   Exposição de referências e critérios de análise: o que será observado, como será observado, quais os conceitos e o referencial empregado. Discussão das ideias principais.
o   Apresentação do objeto ou fenômeno: contexto de uso ou experiência/convivência, características, apelos e valores.
o   Análise crítica: identificação dos conceitos que caracterizam a "pós-modernidade", explicação e discussão sobre a relação entre o objeto/fenômeno e as noções pós-modernas.
         
·    Conclusão: síntese dos principais aspectos analisados, retomada e fechamento da argumentação principal e possíveis desdobramentos (opcional).

2 - Transcrição e citação
A transcrição (reprodução de um pequeno trecho) e a citação (reprodução de um trecho superior a 3 linhas) são permitidas. Contudo, é aconselhável não utilizá-las em excesso. O artigo deve ser escrito nas próprias palavras do(a) autor(a).

3 - Fundamentação teórica
A fundamentação em Harvey, Hall e Sarlo deve constar ao longo do texto como base para a reflexão (constituição do argumento principal) a ser encaminhada. A fundamentação indicada pelo(a) aluno(a) deve ser principalmente utilizada para a construção do argumento principal.

Normas e referências 
Todas as informações e ideias que não são do(a) aluno(a) devem seguir as referências bibliográficas da PUC-Rio. As normas para apresentação de teses e dissertações da PUC-Rio devem ser utilizadas como referências. 
http://www.puc-rio.br/ensinopesq/ccpg/download/norma%20geral.pdf
Atenção: As referências no trabalho devem ser evidenciadas e devidamente atribuídas de modo a não configurar plágio

Bibliografia 
HALL, Stuart. A Identidade Cultural na Pós-Modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2004.
HARVEY, David. Condição Pós-moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. São Paulo: Edições Loyola, 2009.
SARLO, Beatriz. Cenas da vida pós-moderna: intelectuais, arte e videocultura na Argentina. Rio de Janeiro: UFRJ Editora, 2006.

Bibliografia indicada
A ser encaminhada pelo(a) aluno(a)

Características formais:
Seguir o modelo P&D 2012, sem o título em inglês, keywords e abstract. Retirar o logotipo e a indicação do 10º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design, São Luís (MA).
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Entrega e apresentaçãoO trabalho deve ser entregue na forma impressa e apresentado (resumo dos principais aspectos do artigo). No caso de dupla, é necessário que ambos apresentem.

Data de entrega do título/subtítulo e resumo: 04 de junho.
Data da indicação de bibliografia (quarto autor) e da redação da introdução: 06 de junho.
Data da redação parcial do desenvolvimento: 13 de junho.
Data de entrega e apresentação: 18 e 20 de junho.


sexta-feira, 18 de maio de 2018

EDII Versão Resumida


Trabalho individual

Perguntas sobre o capítulo 3, Pós-modernismo, do livro Condição Pós-Moderna, David Harvey.


1. Você acredita que Harvey se alinha com a noção de uma radical troca de paradigma associado ao termo pós-moderno?
Entrega e discussão do texto: 23 de maio de 2017.

2. Como Harvey percebe as posições estilísticas de Hassan entre modernismo e pós-modernismo?
3. Como os pensadores contemporâneos acolhem a fragmentação e a efemeridade? Qual a diferença estabelecida neste sentido em relação ao pensamento de Baudelaire sobre a modernidade?
4. Qual o ponto comum entre o pensamento de Foucault e Lyotard?
5.  Como os pensadores pós-modernos acolhem as novas possibilidades de informação e produção e como as condições técnicas e sociais influenciam o pensamento de Lyotard quanto a uma mudança ocorrida no modernismo?
6. O que Derrida considera como modalidade primária do discurso pós-moderno e como se dá a interpretação desta modalidade?
7. Como os “pós-modernos” reagem a uma representação totalitária do mundo?
8 . Quais as características citadas por Jameson quanto à falta de profundidade?
9. Como Daniel Bell descreve o pós-modernismo?
10. Qual a mudança ocorrida na relação do artista com a história na era da televisão de massa?
11. Jameson afirma que a partir do início da década de 1960 a produção da cultura tornou-se integrada à produção de mercadorias. Qual a influência desta integração na inovação e na experimentação estética?
12. De que forma este texto pode auxiliar na constituição de uma interpretação sobre as condições sócio-culturais das sociedades contemporâneas? Elabore sua visão sobre o que são estas condições e exemplifique com dinâmicas da vida cotidiana.



Forma de entrega: texto impresso.
Data: 23 de maio